Mestre
16 de maio de 2005
Varjota (Sítio Olho d’Água dos Trajanos) - Região Norte
4 de julho de 1928
28 de maio de 2019
Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.
“O meu destino era a rabeca”
Meu nome é Antônio Rodrigues Trajano mas o povo me conhece por Antônio Hortêncio por causa do papai que era Hortêncio. Eu comecei minha vida assim: eu tinha um cavaquinho e fazia zoada com o cavaquinho. Tinha também uns rapazes que eu conhecia e trabalhavam em cassimirada. Aquela brincadeira com as empanadas e os bonecos de correr em riba. E eu acho que eles gostavam da zoada que eu fazia. Vai ver eu entoava alguma coisa, nera?!
Aí papai comprou um cavaquinho para mim, mas aquilo não me engraçava. Eu troquei o cavaquinho numa rabeca que era só aos pedaços, não prestava não. Pra poder tocar, eu fui na casa de um vizinho que também tocava rabeca. Pedi a rabeca dele emprestada ‘Eu só quero por dois dias”! Ele disse: “então pode levar”! Eu peguei a rabeca e comecei a tocar. Era meu destino tocar rabeca.
Foi então que eu comecei a tocar em cassimirada, em festa. Em tudo no mundo eu queira tocar, aprender a tocar. Experimentei outros instrumentos: a sanfona, a harmônica, que se chama pé-de-bode. Aprendi a fazer muita coisa também. Fiz banjo grande e pequeno. Uma vez eu fui numa festa lá no Riacho dos Pires. Aí eu convidei um irmão meu pra ir junto . Nós fomos. Quando chegamos lá tocamos até o dia amanhecer! E quando fomos receber era dez tostões. Pra você ver como as coisas de outrora eram diferentes de hoje. Eu tinha quinze anos nesse tempo.
Eu trabalhava também de carpinteiro, de mercante e tocava instrumento rabeca, cavaquinho, violão, tudo isso eu tocava. E tocava também sanfona, a pé-de-bode, como a gente chamava antigamente. Agora, o que eu gosto mesmo na vida é tocar rabeca. Outra coisa… a roça, não! Não gosto da roça, não! E criei minha família na roça. Pra você ver… eu criei minha família na roça.
Eu fui escolhido mestre porque eu tocava melhor do que os outros, né?!. E me senti muito feliz. E gostei muito das festas que eu ia, os encontros dos mestres. Era muito gostoso, festa boa, todo mundo me conhecia. Eu me lembro… quando eu ouço falar nas festas da cultura eu tenho saudade. Eu me lembro: uma foi em Limoeiro do Norte, outra em Juazeiro, outra foi no Crato. Em todas eu tocava minha música “Moda de Fortaleza”.
Quem foi que me ensinou?! Ninguém. Não aprendi nada ninguém me ensinando. Tocar rabeca, negocio de trabalho, de endireitar máquina de fazer costura. Aprendi só. Essas coisas assim, tudo é da minha natureza mesmo. Hoje não tem quem queira tocar rabeca. Eu tenho pelejado em ensinar mas não tem quem queira. Meu filhos mesmos não teve um que quisesse. Mas acredito que não se acaba não! Porque só aqui isso não tem muito valor. Mas em outros lugares a rabeca tem muito valor.
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