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Mestra

Dona Maria do Carmo

Maria do Carmo dos Reis Felício

Mestra pelo ofício de fazer remédios caseiros

Publicação no Diário Oficial do Estado

4 de março de 2010

Cidade/Residência

Alto Santo (Região do Vale do Jaguaribe)

Nascimento

18 de julho de 1928

Falecimento

19 de abril de 2012

(recitanto)

Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.

“Eu tenho muito prazer porque eu posso dizer que eu sou Mestre, feito pela natureza.”

Dona Maria do Carmo era de Alto Santo. Município da região microrregião do Baixo Jaguaribe, território onde habitaram diversos grupos de índios, como os potiguaras, paiacus, taparius, panatis, icós e airús. Dona Maria não era letrada, não sabia ler nem escrever, sua sabedoria era outra. Um conhecimento que podia aliviar dores e sofrimentos do corpo e que advinha da tradição indígena da cura pela natureza. Através do uso de plantas, que ela mesma cultivava no quintal de casa, com o auxílio da irmã Dona Francisca, fabricava um lambedor que era mais eficaz no combate às doenças respiratórias e pulmonares do que os vendidos nas farmácias locais. Ela fabricava outros remédios caseiros. Fez fama e, mais do que isso, fez o bem às pessoas que lhe procuravam. Hoje, na casa onde moravam as irmãs Maria e Francisca apenas há resquícios, parcas lembranças, de um ofício que rendeu à Maria do Carmo o título de Mestra da Cultura.