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Mestra

Dona Deusa

Maria Deusa e Silva Almeida

Mestra em Lapinha, Coroação de Nossa Senhora

Publicação no Diário Oficial do Estado

23 de outubro de 2015

Cidade/Residência

Assaré – Região do Cariri

Nascimento

8 de março de 1926

Falecimento

7 de março de 2016

(recitanto)

Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.

“Eu tenho muito prazer porque eu posso dizer que eu sou Mestre, feito pela natureza.”

A proximidade de Dona Deusa com os ritos religiosos começou quando a mestra ainda era criança. Com oito anos de idade, ela ajudava o padre de sua paróquia na ornamentação do altar da igreja e tinha a confiança dele para levar seus recados aos fiéis. Com o passar do tempo, sua fé católica a impulsionou em direção à função de catequista e de diretora da Paróquia de Nossa Senhora das Dores. A mestra era também professora e, na zona rural de seu município, organizava a primeira comunhão dos alunos. No mês de maio, ela se dedicava à Coroação de Nossa Senhora — uma tradição em que a imagem de Maria peregrina por residências e bairros da cidade de Assaré e culmina com a procissão no dia 13. Na praça, em frente à casa de Dona Deusa, ela produzia sempre uma encenação da aparição da Mãe de Jesus.

No final de novembro, a mestra montava o presépio natalino em sua casa. A partir daí, segundo sua filha Deusimar, “ela se sentia motivada e já começava a tirar a lapinha”. Os palcos das apresentações eram o pátio da Capela de São Francisco e o interior da igreja Matriz. Cerca de cinquenta crianças e adolescentes faziam parte do grupo, que defendia as cores azul e vermelho.
Dona Deusa, nos últimos tempos, já com problemas de saúde, não estava mais à frente das tradições que marcaram sua vida. Mas sob a coordenação da Mestra, Maria Ozenira Rodrigues Prudêncio — Dona Bibita — sua cunhada, mantinha a tradição da lapinha. Deusimar ainda crê que Bibita irá dar continuidade ao trabalho de sua mãe.