Mestra
16 de maio de 2015
São Luís do Curu. Região do Vale do Curu
11 de março de 1952
06 de setembro de 2022
Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.
“Tenho muito prazer em repassar o que eu sei para outras pessoas.”
Eu me chamo Maria Edite Ferreira dos Santos. Eu trabalho com rede de travessa, moro em São Luís do Curu e sou Mestre da Cultura.
Eu aprendi esse ofício com uma prima minha, Alzira, ela mora em Itarema. Eu tinha dez anos de idade, era bem menina…. e menina quer mesmo é brincar. Eu brincava muito, mas aí Alzira chegou lá em casa e disse pra minha mãe: Cumade Rosa, vamos botar essas meninas pra trabalhar! E a mãe perguntou: em que elas vão trabalhar? Rede! Ela respondeu. Eu faço rede e eu vou botar elas pra trabalhar em rede. Foi aí que gente foi trabalhar com ela e pronto. Começou. Aprendi com essa prima. Ela achava a gente muito preguiçosa, brigava, brigava, mas arrastava todas pro trabalho e foi desse jeito que eu aprendi, ela quem me ensinou. Depois que eu aprendi, e passei a fazer rede por minha conta, pra mim mesma, foi esse trabalho que veio a ser meu ganha pão.
Quando eu fui diplomada mestre da cultura fiquei muito feliz. Por ser mestra da cultura aconteceu que tem gente, mesmo aqui no Curu, que não gostou, não deu valor. Acho que é assim em todo canto. Tem sempre alguém que fica meio com ciúme. Muitos nem olham direito o que eu faço, não dão nenhuma atenção. É assim que eu sinto. Mas para mim, ser Mestra da Cultura é uma grande alegria e como mestra eu tenho muito prazer em repassar o que eu sei para outras pessoas.
Essa escolha fez o meu trabalho ter sido reconhecido. Com isso, meu capital aumentou, o trabalho também aumentou. É por isso que eu me sinto muito contente. Porque o trabalho, vivia preso, abafado, não saía muito, não vendia. Aí depois que o Governo me deu esse diploma, depois que fui reconhecida, esse trabalho que eu já fazia há bastante tempo teve muita saída.
Pra fazer a rede de travessa a gente usa uma tabuleta, três pares de bilros e 12 tubos de linha. São seis pra armar o pano, dois pra fazer o punho e dois pra fazer a varanda, e o que sobra é pra fazer os acabamentos. São três pessoas que vão tecendo pra fazer a rede. Usamos uma tabuleta, bilros, a grade de travessa. A tabuleta e o bilro são pra tecer. Às vezes demora a terminar, por que como são com três pessoas que trabalham, a gente começa a conversar, a se distrair, nem se dá conta do que está fazendo, cantando, contando história, piadas e assim o tempo vai levando. Faço redes por encomenda e faço também para vender avulso. Minhas encomendas são na maior parte para fora do Ceará. E quando há encomenda, quem pede diz a cor. Quando faço pra eu vender eu mesma, por conta própria, eu faço da cor que eu quero.
Depois que eu fui reconhecida pelo Governo meu produto ficou mais vendável, tem mais saída pra fora. Eu tô falando isso de novo, por que é importante pra mim. Eu tô ganhando mais, porque como ficaram reconhecendo meu trabalho ele passou a ter mais valor.
Como eu estou repassando essa tradição, ela vai ter mais pessoas que vão aprender e vão continuar a fazer a rede. Então, se depender de mim, é uma tradição que vai permanecer, porque eu ensino – a minha irmã já aprendeu. Os meus netos estão aprendendo. Eu ensino até as minhas amigas e assim nunca vai deixar de ter gente pra tecer as redes, nunca vai parar, vai ter sempre gente para fazer, para continuar. E me sinto muito bem em ensinar e tenho muito prazer de ensinar pra todo mundo.
99th Keliling street, Pekanbaru
62+5200-1500-250
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