Mestra
22 de outubro de 2008.
Alto Santo - Região do Vale do Jaguaribe.
12 de setembro de 1941.
Mestra Fransquinha mora sozinha numa casa no bairro Pão de Açúcar. Uma casa com muitos cômodos para abrigar os filhos, que vivem no sul do país, quando veem para férias com netos e sobrinhos. Cuida de si e de mais de 50 imagens de santos que a protegem e dão força a sua reza. Durante a manhã enquanto estivemos lá a Mestra foi procurada, pelo seu dote, por três pessoas que precisam aliviar suas dores. Em todas as vezes a Mestra interrompeu a nossa conversa para exercer seu ofício.
Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Eu nunca achei um mestre pra dá ni mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado /Eu nunca achei um mestre pra ni dá mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado / Tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado / tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado.
“Eu não ensinei ninguém a rezar porque eu não posso. Porque se eu ensinar quebra as forças da minha reza. Eu só ensino de cem anos acima.”
Meu nome é Francisca Galdino de Oliveira. Nasci no Rio Grande, em Umarizal. E meu apelido é Fransquinha Felix, mestra rezadeira de Alto Santo. A melhor rezadeira do Alto Santo. Sei rezar em cobreiro, em trilhadura, dor de dente, garganta, dor de ouvido, dor de cabeça, equizema, ferida braba. Sou chamada para todo canto. Vem gente pra eu curar e, graças a Deus, sai bom.
Eu comecei a rezar com cinco anos de idade. Isso foi um dote que Deus me deu para eu curar crianças e gente grande. Eu via minha madrinha rezar e perguntei: madrinha como é que a senhora reza? Ela respondeu: minha filha eu sei rezar em sete qualidade de doença. E disse: sonhe um sonho dado por Deus e ele vai lhe dar esse dote para você rezar como eu estou rezando no povo.
Quando eu tô rezando eu penso em Deus, Nossa Senhora e em Jesus. De por aquela pessoa boa. Na mesma hora que eu tô rezando eu tô alcançando a graça daquela reza que eu fazendo, a cura naquela pessoa.
Agora, tem uma coisa: se a pessoa não tiver fé, naquela rezadeira, naquela reza, não venha! Se vier sem fé é mesmo que não tá recebendo aquela reza. De qualidade nenhuma. A pessoa não tendo fé, o que é que vai ver na casa de uma rezadeira? Fique em casa, se não tiver fé.
Eu rezo todo dia quando eu vou me deitar. Quando eu me levanto eu me benzo. Quando eu vou me deitar eu me benzo. Se eu me levantar três vezes na noite eu me benzo, eu rezo, me recomendo a Deus, Nosso Senhor e Nossa Senhora e ao anjo da guarda. Eu tenho muita fé em Deus, em Nossa Senhora e em Jesus. Tudo que eu peço a eles eu alcanço a graça na mesma hora.
Quando chega uma pessoa aqui para rezar eu pergunto o nome e o que é. Vou pagar um ramo e deixo qualquer atividade para rezar. Agora só não rezo 12 horas do dia e nem 12 horas da noite. O que eu uso prá rezar é o pião roxo. E se eu não encontrar o pião roxo eu posso rezar com a folha de qualquer pé de pau. Eu prefiro o pião roxo porque serve prá remédio. Prá mordida de cobra, mordida de cachorro doido. Sangra o pião roxo e apara o leite. Bota numa vasilha e pode tomar.
A maior cura que eu fiz foi de uma criança lá no Rio Grande do Norte, em Umarizal. Eu fiz a cura dele e, graças a Deus, ele ficou bom e hoje é pai de família.
Outra cura grande foi em Limoeiro. Eu tava internada e no hospital tinha um “bichim” no balão. Uma pessoa avisou para o doutor: tem uma mulher de Alto Santo aqui no hospital que é rezadeira. O senhor tem fé? Ele falou: tenho. Pois nós vamos trazer ela, com soro com tudo, para rezar no menino. Quando eu terminei de rezar o raminho esfarelou. Eu disse pra mãe dele: o que tava matando seu filho era um quebrante grande. E quando eu vou lá em Limoeiro eu vejo que ele já está um rapazinho. O pai me apresentou: olha sua mãe que lhe curou.
O quebrante é porque você chega na casa de uma criança e diz: ôh menino gordo! Mas você não diz a palavra: “benza-te Deus”. O certo é quando você vê uma criança e dizer: “ôh criança linda”, “ôh menino gordo”, dizer também benza-te Deus”. Aí aquela criança não pega nada. A primeira palavra dita foi com Deus, e Nosso Senhor e Nossa Senhora. Tem quebranto na boniteza e na feiura. Mata com 24 horas. Mata aquele inocentizinho. Pode estar gordinho como tiver. Se não correr pra rezadeira, se não acreditar que existe, pode perder a criança.
Eu podendo curar eu curo e eu digo: eu vou fazer a cura, não garanto a vida, mas vou pelejar, se Deus quiser e for servido… Primeiramente é para confiar em Deus, pra segundo confiar em mim. Mas, se Deus quiser e for servido, ele vai ser valido.
Mas depois que você levar pra rezadeira e a rezadeira disser: leve para o hospital, aqui só prá doutor, não é caso para mim… Aí tem que ir diretamente pro doutor.
Eu não cobro prá rezar porque se a pessoa me pagar tanto faz ficar boa como não.
Deus deixou no mundo o dote prá gente rezar e não cobrar dinheiro de ninguém.
Não ensinei ninguém a rezar porque eu não posso. Porque se eu ensinar quebra as forças da minha reza. Foi minha madrinha quem me disse que eu só podia ensinar de cem anos acima.
Quando eu fui mestra da cultura eu fiquei muito satisfeita e muito contente. Muitas pessoas vieram me dizer que eu não fosse de qualidade nenhuma, que tinha uma história do povo filmar e chamar para um canto, para outro… elas quiseram me desvanecer! E eu disse: eu não desvaneço não! Com a palavra de Deus, a palavra de Nosso Senhor e a palavra de Nossa Senhora. Com toda fé eu vou ser Mestra. Mandado pelo Jesus, nosso senhor e nossa senhora. Amém!
Eu acho que me deram o titulo de mestra de cultura porque reconheceram o que o que estava fazendo e até hoje continuo a fazer prá todo mundo que vem na minha casa. Foi Deus quem deu o consentimento de eu ser Mestra da Cultura.
99th Keliling street, Pekanbaru
62+5200-1500-250
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