Mestra
18 de novembro de 2013.
Potengi - Região Cariri.
15 de setembro de 1943.
02 de agosto de 2020
Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.
“Com nove anos de idade foi que eu comecei a fazer renda. Aprendi vendo minha mãe trabalhar.”
Eu me chamo Josefa Pereira de Araújo. Nasci em Juazeiro do Norte e com 14 anos cheguei nesta terra: Potengi. Com nove anos de idade foi que eu comecei a fazer renda. Aprendi vendo minha mãe trabalhar. Ajudando ela. Se eu tinha alguma dificuldade, eu perguntava a ela e continuava. Aí com nove anos eu comecei a trabalhar sozinha.
Comecei a trabalhar, com bilros, e uma linha diferente que é a linha Anne. E comecei a fazer renda pra ver se ganhava um pouco de dinheiro pra ajudar nas despesas. Pra me manter nunca deu, não! Mas sempre me ajuda um pouco.
Quando eu fui escolhida Mestra fiquei muito feliz. Graças a Deus!
Eu saia na cidade para alguma compra, resolver uma coisa… Era muito aplauso. Mudou o conhecimento, o prazer das pessoas me receberem. Também me chamam pra representar a cultura da cidade nos colégios, nos eventos e, às vezes, vem os alunos conversar comigo sobre o que faço, pedir ajuda para fazerem alguns trabalhos da escola, sobre este ofício de fazer rendas. Já teve até uma quadrilha de um colégio homenageando a mim, depois disso. Só que também teve quem não entendeu. Disseram: mas mulher, por que tanto aplauso depois de já tão… velha? É televisão, é rádio, é o povo na rua, tudo, por causa das rendas… Aí eu disse: é, eu me sinto feliz por isso, mesmo sendo velha, tão velha, mas foi a minha vez de chegar a esse ponto. Talvez, se eu fosse nova, eu não tivesse conseguido ser mestra. Por isso eu me sinto orgulhosa, assim de bom gosto. Porque tudo mundo me reconhece, todo mundo me dá parabéns, ficam feliz comigo.
Eu trabalho na almofada grande porque se for na almofada pequena, com essa linha mais grossa fica difícil. Tem que tirar fora, tem que botar novamente. E na almofada grande é direto, só trabalhando. Até terminar. Antigamente, em dois meses eu fazia uma rede de renda. Mas hoje sei que não faço mais não! Depois que eu adoeci sempre quem termina é a minha filha mais nova, que eu não dou conta, fico sem tempo para terminar. Minhas filhas aprenderam também com mamãe. Já dei alguma explicação. Quando me pedem explicação, eu ensino. Mas ensinar do começo ao fim, eu não ensinei não!
Eu sento em frente a almofada e vou trabalhar porque gosto. Gosto… eu fico lá na luta da casa, entre uma coisa e outra… aí quando em vez eu paro um pouco e vou pra almofada. Faço redes, colchas de cama, passarelas de mesa, de geladeira, faço várias coisas. A gente cria e são poucos modelos porque não tem como melhorar. Tem que ser poucos modelos.
Trabalhar na almofada com renda é uma distração da memória. A gente vai sentindo que trabalhando vai conseguir desenvolver alguma coisa nova. Isso é bom! E é tudo contado, é igual a marca de bordado, tudo contado: dois fios pra cá, dois pra cá. E vai indo. Se tem uma porção de linhas: tantas linhas pra aqui, pra poder formar o quadro. É bom! Mas a gente pensa muita coisa. Mas não pode pensar muito pra não esquecer do serviço. Quando eu estou trabalhando na almofada eu me sinto bem, tô entretida, trabalhando, tô contando, tô olhando se está certo. Às vezes eu erro e vou procurar o erro. É um bate cabeça quando eu vou procurar o erro. Mas é muito bom, eu gosto! Gosto de trabalhar!
99th Keliling street, Pekanbaru
62+5200-1500-250
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