Mestra
30 de maio de 2006
Crato – Região do Cariri
02 de março de 1949
Por sua dedicação à criança Mestra Zulene pode ser comparada a um erê, entidade que representa o estágio infantil da alegria, sinceridade, inocência, tudo o que é puro. Toda a nossa conversa foi permeada pelo seu trabalho com as crianças do Crato. Quando chegamos à calçada da sua casa, que também abriga o projeto Criança tem de brincar com criança, estava repleta de meninos e meninas arrumando as roupas de quadrilhas e os enfeites das lapinhas. Ao mesmo tempo vaidosa a Mestra se arrumou e se perfumou e ao final da conversa disse para si e para quem quisesse ouvir: a gente arrasa, mulher!
Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Eu nunca achei um mestre pra dá ni mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado /Eu nunca achei um mestre pra ni dá mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado / Tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado / tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado.
“Vamos brincar, que,
através da brincadeira,
acaba a tristeza.”
Meu nome é Zulene Galdino. Nome artístico, Mestra Zulene. Eu me dediquei mesmo à cultura popular em 75. De lá pra cá eu criei vários grupos. Eu danço Maneiro Pau. Danço quadrilha junina e também a lapinha. A lapinha é o nascimento do Menino Jesus. São danças que são tradição de um povo brasileiro. E essa tradição nós não podemos deixar morrer.
Eu com idade de oito anos eu já dançava. Dançava quadrilha, lapinha. Foi aí quando papai, Luis Galdino, ele me incentivou a ficar dedicada mesmo a essa cultura. Ele me disse: haverá de ter um tempo de o povo não querer mais saber da cultura e que eu continuasse sempre na minha tradição, dessas quadrilhas, lapinhas, maneiro pau. Ele deixou também outra mensagem: vamos brincar que através da brincadeira acaba a tristeza.
Essas danças e o grupo cintura fina também foi uma tradição que seu Elói Teles me incentivou pra eu fazer. Esse grupo Cintura Fina é uma homenagem a Luiz Gonzaga. Através desses grupos eu sou campeã, de quadrilha junina, 25 vezes. Tenho vários troféus aqui na minha casa e é uma dança que a pessoa deve cada vez mais se dedicar porque é a uma tradição do povo brasileiro.
Eu sou mestra da cultura popular. Então foi uma tradição que valeu a pena. Eu sou mais do que feliz. Eu agradeci muito a Deus e ao Governo do Estado de ter esse projeto passando a gente pra ser mestre da cultura do Ceará. Porque se não fosse o Governo ter feito isso, no meu pensamento, eu acho que as outras pessoas já tinham deixado de fazer essas brincadeiras. Porque se não fosse isso eu não sei nem como era que a gente tava. Agora nunca é de acabar essa tradição da cultura popular. Só vou deixar no dia que Deus me permitir. Vamos brincar e vamos dar valor a cultura popular. Ser mestre é muito bom. Eu me sinto feliz. Quando estamos brincando, quando estamos ensaiando a gente fica muito alegre, muito animado com essa cultura.
Eu moro na Vila Novo Horizonte, no Crato. O nome do meu projeto é Criança tem de brincar com criança. Através desse projeto tem uma escolinha onde as crianças de 10/11 anos ensinam os menores a ler e a escrever. E eu ensino a cultura que é brincar maneiro pau, lapinha, grupo cintura fina, o xaxado, o bumba meu boi, as quadrilhas. E quando é na Semana Santa eu ainda faço o Judas, a mãe do Judas, que é para as crianças brincar. Porque em todo canto tem o Judas. Mas o Judas é homem e eu nunca vi filho sem ter mãe. Aí eu faço a mãe do Judas.
O pessoal da comunidade fica tudo alegre, tudo satisfeito com nosso trabalho. Porque as crianças aqui da comunidade, que brincam agora comigo, são os filhos dos que já dançaram antigamente. Então é filhos e netos que sempre participam dos meus grupos. E todos mandam as crianças vim pra ensaiar. Todas as festas o pessoal daqui me apoia. Principalmente o Dia da Criança quando se junta aqui 250 crianças ou mais para brincar. Esse dia tem o desfile para a escolha da rainha da criança. Todo ano eu tenho esse prazer de fazer o dia da criança pra ter o desfile e a escolha da rainha das crianças daqui da comunidade da Vila Novo Horizonte.
Quando eu fui reconhecida pelo Governo do estado pra ser mestra da cultura eu fiquei muito satisfeita e o pessoal aqui da comunidade ficou também contente porque na Vila Novo Horizonte tem uma mestra da cultura do Ceará.
Nas festas a gente canta muitas músicas como essa que eu quero cantar: Vou contar uma história, você tem de acreditar / é direito do povo, quero ver tudo de novo / quero ver pancada igual / Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também / Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também / confiando em Jesus Cristo, que nasceu lá em Belém / que morreu crucificado porque nos queria bem / confiando em seu amor e agora ??? nosso direito vem / Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também / Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também / só porque tem muita terra e tem gado com fartura / e tem o político passado na escritura / cuidado com seu mistério, que no dia no cemitério / se mistura / Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também /Nosso direito vem / nosso direito vem / se não vim nosso direito o Brasil perde também.
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