Mestra
26 de fevereiro de 2019
Viçosa (Sítio Tope) - Região Norte
29 de setembro de 1966
Um pote gigante na estrada dá a indicação precisa da casa de Dona Fransquinha, loiceira – como gosta de ser chamada – mais conhecida do Sítio Tope, onde já exerceu a liderança da Associação dos Moradores e da Associação das Ceramistas. Por um brilhante chão de cimento queimado vermelho, a Mestra nos conduz ao amplo quintal cheio de formas e cores de sua arte: anjos e santos gordinhos, jarros de vários tamanhos, galinhas, luminárias, baianas, plantas, muro de garrafas pets e um cajueiro frondoso que abriga toda a família em dias festivos. A Mestra, que já não trabalha mais, demonstra um sentimento de dever cumprido na família, na comunidade e na arte de moldar o barro que ajudou a consolidar no estado.
Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Padrinho Ciço, fundador de Juazeiro e protetor do romeiro desse imenso sertão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Frei Damião que era nosso capuchinho, ele está com Jesus Cristo, já cumpriu sua missão / Eu nunca achei um mestre pra dá ni mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado /Eu nunca achei um mestre pra ni dá mim, se já deu já levou fim ou anda no mundo encantado / Tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado / tô preparado pra brincar, brinco bonito / Eu sou o Mestre Expedito e sou um mestre respeitado.
“O que faço pra mim é uma arte. Porque nem todo mundo tem essa vocação de ser, de fazer arte.“
Adrião fundou em sua cidade, Juazeiro do Norte, numa rua contígua à sua residência, o Museu das Cabaças. Ali, ele expõe fotos, reportagens e “peças ” trabalhadas com as cabaças que recolhe. Auto intitulado Guardião da Cultura e Memória do Povo Cabaceiro, ele considera que dá continuidade a coleção das últimas artes campestres do planeta, expressa sobretudo em artefatos de cabaças coletadas na região do entorno da cidade.
A atividade de percorrer terrenos em busca dessa matéria prima é quase diária. E nesses períodos, o Museu fica aberto e sem problema nenhum, entregue à cidade e à quem queira visitá-lo.
Estivemos no Museu da Cabaça duas vezes na esperança de encontrarmos o Mestre Cabaceiro. Na primeira vez, fizemos uma peregrinação pelas redondezas, localizamos o seu irmão e, além deste, conversamos com o vizinho da frente. Eles nos confirmaram a fama de arredio e de outsider que o Mestre Cabaceiro carrega. “ Boa gente mas vocês não vão conseguir falar com ele. Ele não gosta de dar entrevista” disseram. Ambos também não sabiam o destino de Adrião. Ele havia saído cedinho e, provavelmente, só voltasse no fim do dia.
Voltamos nós em outra ocasião e demos sorte: a bicicleta usada por ele estava na frente da casa. Chamamos, e Adrião nos atendeu. Mas não quis marcar a entrevista. Falou que estava muito ocupado com seus projetos. Nos mostrou sua reserva técnica, na casa ao lado e, de fato, pudemos constatar: era muita coisa para organizar.
Ainda em mais duas ocasiões demos uma “incerta” e fomos até a casa do Mestre. Nessas duas, nem ele estava, nem o Museu estava aberto. Sentamos no meio fio e aguardamos. Foi em vão.
Entendemos então e respeitamos a vontade do Mestre Cabaceiro em não falar conosco.
99th Keliling street, Pekanbaru
62+5200-1500-250
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