Joaquim Mulato era o Decurião da Ordem dos Penitentes do Sítio Cabeceiras, no município de Barbalha. Sucedeu a José Francisco da Silva, o Mestre Biro.
Aos dezesseis anos entrou para a ordem que prega a retidão. Manteve-se casto e fiel aos princípios dos penitentes cujas origens remontam ao século XII no sul da Itália e que, no Cariri, região onde viveu, teve no Padre Ipiabina seu difusor e mentor.

Sob uma vestimenta específica – a opa – coletes pretos, com cruzes e listras verticais brancas e capuzes também brancos, o grupo, formado basicamente por agricultores, liderado por Joaquim Mulato, saía às ruas em procissão, entoando orações.

Praticavam nos primórdios, sob a veste que lhes mantinham anônimos, a autoflagelação com pequenas lâminas, para extirpar, no sangue, os pecados da alma e do povo, hábito que com o passar do tempo foi substituído pelas orações e pelo ato de pedir esmolas.

Nos últimos anos, ainda sob o bastião de Joaquim Mulato, o grupo também não garantia mais o anonimato dos integrantes. O Decurião argumentava que era necessário divulgar o ritual como uma manifestação cultural. Apesar de ceder em parte aos apelos da contemporaneidade, o mestre também expressava sua decepção em relação aos apelos profanos do mundo: “Os jovens não querem saber da penitência, preferem as festas”. Seu sucessor, Antonio Severino da Rocha, também Mestre da Cultura, esteve como Decurião até falecer. Hoje, Antônio Lino está à frente do grupo.