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Mestre

Juca do Balaio

Joaquim Pessoa de Araújo

Mestre do Maracatu

Publicação no Diário Oficial do Estado

4 de maio de 2004

Cidade/Residência

Pacatuba

Nascimento

30 de janeiro de 1923

Falecimento

5 de abril de 2006

(recitanto)

Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.

“Quando eu era rapaizim gostava de andar de cavalo, levei um tombo fui no inferno vi o bicho ruim e quando acordei tava em casa, e num pense que eu tô brincando não seu minino que tava tão quente que passei três dias sem tumar banho pruque o corpo num esfriava…”

Juca do Balaio nasceu no Cedro. Foi em Fortaleza, entretanto, que se eternizou. Ao ir para a capital e fixar moradia no bairro Jardim América, onde fica a sede do Maracatu Az de Ouro, sua história se misturaria à tradição do Maracatu.

Foi no Az de Ouro que se descobriu balaieiro. Quem o via passar testemunhava uma evolução cadenciada sob o ritmo do triângulo e do tambor que magnetizava os olhares do público, com sua forma diferenciada de dançar – balaio na cabeça, mãos libertas – barba branca na pele escura, impôs uma dinâmica própria – improvisava e era dono de si mesmo na avenida, aflorando uma liberdade estética que marcou o Maracatu cearense de forma geral.

Era ainda compositor e tirador de Loas. Em 1939, participou pela primeira vez do carnaval de rua em Fortaleza, como brincante de Maracatu, integrando o cordão de índios, foi também princesa. Por algum tempo desfilou no Maracatu Rei de Paus. Em 1970, retorna ao Az de Ouro obtendo reconhecimento popular e contribuindo com sua larga experiência ao folguedo na confecção de fantasias, alegorias e adereços. Mestre Juca foi presidente em duas gestões da Federação das Agremiações Carnavalescas do Ceará. No carnaval de 2006, foi homenageado pela Prefeitura de Fortaleza. Já não desfilou. Do camarote, ao ser entrevistado, deixou um recado: “o agradecimento a todos os brincantes, e que eles mantenham firme o trabalho. O Brasil tem gosto com o balaio”.