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Mestre

Miguel

Miguel Francisco Da Rocha

Mestre Tocador de Pífano de Banda Cabaçal

Publicação no Diário Oficial do Estado

4 de maio de 2004

Cidade/Residência

Juazeiro do Norte ( Região do Cariri)

Nascimento

14 de setembro de 1942

Falecimento

2 de maio em 2009

(recitanto)

Pessoal, quando eu morrer /
que vocês forem me enterrar /
num quero ver ninguém chorando /
porque eu não gosto de chorar /
vocês levem um violão /
pra na minha voz cantar /
cante música de reisado que eu gostava de cantar /
Gente, quando eu morrer /
eu não quero choro profundo /
eu quero um boi no meu enterro /
pra eu brincar no outro mundo /
pra eu brinca lá com São Pedro /
que é o chaveiro do mundo.

“Foi uma benção, foi uma luz de Deus nas nossas vidas esse trabalho!”

Foi entre 1908 e 1909 que João Francisco Feitosa, mestre de uma banda de pífanos em Caruaru, Pernambuco, se fixou no Ceará. O motivo da vinda para o Cariri cearense eram os feitos milagrosos do Padre Cícero que ecoavam por toda a região e atraíam romeiros esperançosos de curas, mas também de trabalho. Com ele, os filhos Pedro, Santino e Clemente fundaram uma banda cabaçal, que, por devoção ao Padre, chamaram de banda cabaçal Padre Cícero.

Clemente foi quem sucedeu a João Francisco, e Miguel, seu filho e neto de João, continuou a tradição.

Miguel já tocava desde os 7 anos de idade. Como um mestre genuíno ele aprendeu o segredo de todos os instrumentos da banda: caixa, zabumba, maracas, pífano e surdo. Amava tocar, fazer os instrumentos, amava mesmo sua banda. Contava com orgulho que seu avô, pai e tios eram não só admiradores do Padre Cícero, mas também eram admirados por ele: “Eles vieram na festa, aí meu Padrinho Cícero achou muito bonito o compasso e perguntou se eles não queriam vir morar em Juazeiro”.

A banda Cabaçal Padre Cícero, com todas as coreografias cênicas, danças, que incluem o sapo, as facas, o trocado, o trancelim de dois em dois, o cachorro na peia e a onça, tornou-se parte da cultura popular do Cariri, misturada à vida de Mestre Miguel.

Hoje, a Banda Cabaçal Padre Cícero é composta pelos seus descendentes e familiares de Mestre Miguel: os filhos Domingos e José, seu irmão José Pio, seu neto Davi e os primos Luiz e Fernandes.

Mantém a formatação de dois pífanos, uma zabumba, uma caixa, um prato que substituiu as maracas e, na reserva, um surdo. As dificuldades são grandes, enfatiza Domingos, recordando que o aprendizado com os mais velhos foi quem deu a todos não só o conhecimento dos instrumentos, mas a capacidade de enfrentar as adversidades: “Iremos adiante com a banda, até onde der.”